Powered By Blogger

3.3.07

Novos Crimes do Amor, Capítulo 4 (último)




(Resumo do capítulo anterior)- Zé Alfredo abriu mão do amor que sentia por Marlúcia. Deixou que ela cumprisse suas responsabilidades como amante do dono da loja. O rompimento, para ele, tinha sido horrível. As piadinhas que ouvira na sinuca o fizeram até mesmo pensar em suicídio, pendurando-se numa das árvores mais frondosas da cidade. Seus problemas de depressão e as dificuldades no relacionamento afetivo deixaram que ele criasse os demônios em sua mente de apaixonado traído. E viajou para Massachusetts atrás dela!

Capítulo 4 - Um tiro à queima roupa
No início, Zé Alfredo pegava um trem de Framingham até o centro de Boston e de lá, a linha verde do Metrô, que o deixava em frente ao Shopping Center de Cambridge, em Leshemere, onde foi inaugurado, com pompa e cirscunstância, o lojão da Salgado Sports. Até o consul compareceu. Vieram jornalistas da Flórida, de New York e Connecticut, todos querendo abocanhar anúncios para seus sites e jornalecos. Houve desfile de modas, com lindas jovens mostrando a coleção da Salgado.
Ele ficava de longe, observando todo o movimento. Aproveitava-se do frio antártico da cidade para esconder-se atrás de um sobretudo, uma tôca e um cachecol. Do jeito que estava vestido, ninguém o reconheceria. Via a hora em que sua antiga amada chegava para o trabalho e a hora em que saía. Algumas vezes, chorava baixinho pelo revés que tinha sofrido na vida. E começou a planejar a execução da sua vingança pessoal.
Um dia, numa das viagens entre a South Station e a Union Street, conheceu um casal. E foi convidado para participar de um culto na igreja. Arranjou logo emprego numa padaria, por indicação do casal bondoso. Sentia que sua vida dava uma nova respirada cada vez que ia à Igreja. Sentia-se mais aliviado!
Pouco a pouco, foi se lembrando das ruas da sua infância, e da árvore na qual se viu pendurado uma noite, quando, ao voltar bêbado da sinuca, pensou em se enforcar alí mesmo, para toda a cidade testemunhar a sua ação final.
Em Framingham, enquanto os colegas da casa ficavam na sala assistindo às mesmas novelas que sua ex-amada tanto gostava, ele lia a bíblia no quarto e se envergonhava dos dois fatos. Primeiro, o de pensar em tentar o suicídio. Segundo, como poderia ter pensado em matar aquela linda mulher, que tinha sido sua companheira por quase 5 anos? Recordava-se dos momentos mais íntimos de sua relação com a bela Marlúcia, quando ficavam abraçadinhos até o final da novela e depois iam fazer amor, cada um sonhando com seu artista favorito. E não conseguia mais pensar em vê-la estirada num caixão.
Deixou de frequentar o shopping de Cambridge. Resolveu esquecer aquele assunto de assassinato, passava os dias fazendo pãozinho de queijo e salgadinho. Os meses se passaram. Zé Alfredo era outra pessoa.
Mas, um belo dia, desses em que o destino apronta, mandando um exuzinho safado fazer trabalho que tinha que ter sido feito por um anjo, Arismar e Marlúcia entraram abraçadinhos e muito felizes... aonde? Na padaria onde Zé Alfredo trabalhava. Foram fazer compras para uma festinha particular. Ele ouviu aquela voz familiar, engoliu em seco. Parou de enrolar salgadinho. No mesmo instante, subiu aquele ódio contido, que vinha segurando por meses. Saiu pela porta traseira do estabelecimento e foi vomitar ao lado dos contêineres de lixo no beco gelado.
Resolveu, finalmente, dar a volta por cima. Foi até aquela rua que o Alex tinha indicado. Encontrou com o senhor negro, de barbas, que lhe vendeu um revólver baratinho. E três balas. Explicou como o negócio funcionava. Ele colocou o três oitão por debaixo do sobretudo e saiu, aliviado, pelas ruas de East Boston. Pegou a linha vermelha do metrô, trocou para a linha verde em Government Center. E, com toda a força que conseguiu reunir, dirigiu-se a passos largos para o Shopping da Leshemere. Entrou decidido. Fez uma ligação telefônica do aparelho público que viu no segundo andar.
No dia seguinte, foi assim a manchete do Brazilian Times, um periódico de Boston:
"BRASILEIRO ASSASSINADO NO SHOPPING!"
Um advogado americano e seu intérprete chegaram na delegacia.
"Eu telefonei para a loja. Insisti muito e ela disse que ia me atender. Ficou aborrecida, mas acabou cedendo. Sentamos no café Starbucks. Falou que não gostava mais de mim, não imaginou nem por um segundo que eu pudesse estar vivendo na Nova Inglaterra. Pior, ela não me olhava no rosto. Eu não conseguia mais pensar em viver sem ela. Tirei minha arma do sobretudo para me matar. Foi quando chegou o amante. Ele viu, pensou que eu ia atirar nela. Então, num ato de desespero, ele se jogou por cima de mim para impedir. Foi quando a arma disparou, acidentalmente. Matei Arismar sem querer! Logo veio toda a segurança do shopping, a polícia chegou em menos de 1 minuto. Fui algemado. Sem entender nada... Doutor, tem alguma árvore frondosa aqui por perto?"
FIM
Para comunicarem-se com o autor, escrevam para phydiasb@yahoo.com

Um comentário:

claudinei p disse...

Oi amigo,estava acompanhando esta hitória,apezar eu ser de Cel Fabriciano ,enteresei no assunto pois a historia fala do casal de Ipatinga cidade vizinha aqui,gostei do seu trabalho e espro ler varis semelhante ou até melhores doque este, muito bom esta matéria , adimiro seu trabalho,abraço.